Há 40 Semanas Santas, religiosamente, eles se encontram no interior de São Borja, nas barrancas do Rio Uruguai, fronteira entre Brasil e Argentina, para um festival verdadeiramente mítico. Nesta quarta-feira (13), estarão reunidos no teatro.
São os barranqueiros, um grupo formado por vários músicos regionalistas, grande e irrestrito, que se renova todos os anos e do qual fazem ou já fizeram parte de Sérgio Jacaré a Luiz Carlos Borges, de Apparício Silva Rillo a Yamandu Costa. Todos estão em volta d'Os Angüeras, que se intitula "grupo amador de arte" e que está por trás da organização do Festival da Barranca, realizado sempre durante a Páscoa. Atualmente com sete integrantes e atuante há 49 anos, Os Angüeras sobem ao palco do Salão de Atos da UFRGS hoje, às 20h, acompanhados de pelo menos duas dezenas de gaudérios, entre os quais Borghettinho, Telmo de Lima Freitas, Elton Saldanha e Daniel Torres, para a Quarentena da Barranca.
São os barranqueiros, um grupo formado por vários músicos regionalistas, grande e irrestrito, que se renova todos os anos e do qual fazem ou já fizeram parte de Sérgio Jacaré a Luiz Carlos Borges, de Apparício Silva Rillo a Yamandu Costa. Todos estão em volta d'Os Angüeras, que se intitula "grupo amador de arte" e que está por trás da organização do Festival da Barranca, realizado sempre durante a Páscoa. Atualmente com sete integrantes e atuante há 49 anos, Os Angüeras sobem ao palco do Salão de Atos da UFRGS hoje, às 20h, acompanhados de pelo menos duas dezenas de gaudérios, entre os quais Borghettinho, Telmo de Lima Freitas, Elton Saldanha e Daniel Torres, para a Quarentena da Barranca.
Fonte: Zero Hora
Entendendo a Barranca "Nada acontece por acaso, segundo a teoria dos racionalistas (estes caras que são alimentados a ração balanceada). Talvez tenham lá suas razões, os cujos. Menos no que se refere ao festival da Barranca. Este nasceu por acaso como os nenês de novembro, frutos da semeadura suada do Carnaval. Pois sucede que o pessoal de Os Angüeras e mais alguns de achego, desde pelo menos 1965, realizavam duas grandes pescarias no ano: uma na Semana Santa, outra em setembro. A primeira para o tradicional jejum de carne (mulheres não nos acompanhavam e até hoje não). A outra na Semana da Pátria, para escapar (desculpa ...) dos chatíssimos desfiles que são a tônica da efeméride cívica. Para uma e outra pescaria vinham de Porto Alegre o Antonio Augusto Fagundes (Nico) e o Carlinhos Castilhos (Passaronga), com o Juarez Bittencourt (Xuxu) algumas vezes e, quando em quando, com outras caras mais ou menos simpáticas. E aí aconteceu. Por acaso, repito, contrariando os racionalistas. A gente estava no “Pesqueiro da Bomba”, no Rio Uruguai, na Semana Santa de 1972. Havia tomado umas que outras, alguém falou na Califórnia da Canção acontecida em primeira edição no dezembro anterior, em Uruguaiana, quando uma voz (acho que do Passaronga, outros acham que outro, há quem jure que de um espírito) sugeriu: - E se a gente fizesse o nosso festival? Aqui mesmo, no improviso, na barranca do rio? ... Então, naquela Semana Santa, noite de quinta-feira, ficou assentado em cepo de três pernas que se faria o festival. O Tio Manduca (disso sim, me lembro) propôs que as composições tivessem por base, tema único, nomeou-se o presidente da “Comissão” e lascou o tema: “Acampamento de Pescaria”. E aditou, enquanto me filava o trigésimo oitavo cigarro daquele dia: - Sábado de noite os artistas se apresentam. Vocês têm o dia todo de amanhã para trabalhar o tema. Tá resolvido ... ... Houve três concorrentes neste primeiro Festival da Barranca, que, naquela época e porque estava em seu início, não merecia as maiúsculas que lhe dou. Carlinhos Castilhos, só e mal acompanhado; Nico Fagundes com “Fuça” no violão e, em dupla Zé Bicca e esta voz que vos fala. Apresentadas as composições, por ordem de sorteio, cantou o Carlinhos (palmas, palmas e palmas), cantou o Bicca (idem, idem e idem) e finalmente o Nico (ibidem, ibidem e ibidem). A platéia, meio sobre a empolgação, assentava-se em semicírculo. Todos (eu disse todos) votaram. Menos os concorrentes, claro. Ganhou o Nico, com “Eu e o Rio” – hoje gravada, como tantas composições que nasceram na Barranca para ganhar alguns dos mais importantes festivais nativistas do Estado. O detalhe, nisso tudo, é que a composição vencedora (linda, a melhor da noite), nada tinha a ver com o tema proposto. Cantava a relação espiritual de um amante descornado com as águas do Rio Uruguai. Mas o fato é que ganhou. O que prova, desde a idade da pedra dos festivais nativistas, que júri deste tipo de evento não é flor de cheirar com pouca venta. A confraternização foi geral, o vencedor queria por que queria o prêmio (mas que prêmio caracos?). O Milton Souza ganiçava de raiva por que lhe haviam estragado a gravação (para a rádio São Miguel, ouviram?) por intervenção de calão não recomendável, eu achei que estava uma beleza, nada como o autêntico e o espontâneo para valorizar uma reportagem ... Aí o Milton me olhou de esquadro e eu saí pelo arrabalde. Pensando que Deus me desse saúde, engenho e arte, um dia eu ia escrever esse episódio. O que faço, vinte anos mais velho, mas feliz. Porque o Festival da Barranca, nesse tempo, depois de catorze edições, faz por merecer as maiúsculas que agora lhe confiro." Apparício Silva Rillo - 1985 Aos 77 anos Telmo de Lima Freitas fez a abertura do 39º Festival da Barranca, em abril de 2010, cantando antigas canções com o violão que ganhou quando criança. "Tio Telmo" como é carinhosamente chamado por muitos, estava visivelmente emocionado e emocionou a todos. Neste pequeno trecho de sua apresentação ele conta uma breve história sobre o violão que está em mãos e canta um de seus maiores sucessos ("Esquilador"), acompanhado pelo coral de velhos amigos barranqueiros e admiradores. |
obrigada pelo carinho com meu pai...
ResponderExcluirforte abraço