quinta-feira, 9 de junho de 2011

Nacos de História - O dia-a-dia de uma revolução

Abril de 1941...


Neste mês as operações militares são frouxas, parece que ninguém quer combater. As Forças de Neto e Canabarro acompanham dos dois lados o grande exécito imperial, inquietando-o, mas sem combater a fundo – alguma escaramuça de guerrilha, quando muito. Os farroupilhas fazem terror lançando cavalos assustados com bexigas na cola no meio do acampamento imperial. Os imperiais estão com o soldo atrasado, sem roupa e o inverno é brabo. Muitos adoecem e morrem de frio ou disenteria – são do norte estranham a alimentação só com churrasco e mate amargo.
O General Antônio de Souza se cansa de inação e com 800 homens vai atacar o porto de Rio Grande.

17 de Abril – O Dr Saturnino de Souza toma posse como Presidente da Província e o Conde de Rio Pardo toma posse formalmente como Comandante das Armas. Agora, assumir o comando do exército, tomá-lo de Jão Paulo, é outra coisa...

As Verdadeiras Causas da Revolução Farroupilha... Continuação

Mas há mais, entre militares: os arrogantes chefes de exército de 1ª linha, os soldados profissionais permanentes, não gostavam de se igualar aos milicianos de 2ª linha, soldados eventuais quase todos voluntários que regressavam ao campo para os trabalhos da estância assim que se disparava o último tiro ou se dava a última carga de lança.
Mas há mais, ainda: o império (Portugal primeiro e depois da Independência a Corte do Rio de Janeiro) não gostavam de gastar com fardamentos, armas, soldos  e alimentação das tropas do sul. Mandava recrutar ou abrir voluntariado e cada comandante que se virasse como pudesse. E lá vinham as famílias rio-grandenses compelidas a alimentar muitas vezes a fardar e até a armar os soldados. O pagamento de soldo chegava a atrasar até dez anos! Isso revoltava a todos, naturalmente.
Mas há mais, ainda: com a Independência (1822) muitos militares portugueses ou filhos de portugueses, gente com títulos de nobreza e ligada à Casa Imperial, permaneceram com seus postos e cargos, optando por servir no nascente Exército Imperial Brasileiro. E viam com desconfiança e rancor a ascensão dos militares patriotas. Criaram no Brasil então a famigerada Sociedade Militar, uma instituição que hoje seria considerada de direita, nazista. Aqui no Rio Grande, homens como o velho Brigadeiro Gaspar Mena Barreto e o impetuoso Comandante das Armas (o Comandante das Armas era a maior autoridade militar da província) Marechal Sebastião Barreto Pereira Pinto tentaram instalar a Sociedade Militar em Porto Alegre. Contra isso levantaram-se os militares liberais como Bento Gonçalves da Silva, Bento Manoel Ribeiro e João Manoel de Lima e Silva, no antagonismo nascente que logo se tornará violento entre o Partido Liberal e o Partido Conservador, o que se remete às causas políticas da Revolução Farroupilha.

Continua...

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