O Caverá é uma região na fronteira-oeste do Rio Grande do Sul, ouriçada de cerros, que se estende entre Rosário do Sul e Alegrete. Na Revolução de 1923, entre os maragatos (os revolucionários) e os chimangos (os legalistas) o Caverá foi o santuário do caudilho maragato Honório Lemes, justamente apelidado "O Leão do Caverá".
Diz a lenda que a região, no passado, era território de uma tribo dos Minuanos, índios bravios dos campos, ao contrário dos Tapes e Guaranis gente mais do mato. Entre esses Minuanos, destacava-se a figura de Camaco, guerreiro forte e altivo, mas vivendo uma paixão não correspondida por Ponaim, a princesinha da tribo, que só amava a própria beleza...
Os melhores frutos de suas caçadas, os mais valiosos troféus de seus combates, Camaco vinha depositar aos pés de Ponaim, sem conseguir dela qualquer demonstração de amor.
Um dia, achando que lhe dava uma tarefa impossível, Ponaim disse que só se casaria com Camaco se ele trouxesse a pele do Cervo Berá para forrar o leito do casamento. O Cervo Berá era um bicho encantado, com o pelo brilhante - daí o seu nome. O mato era dele: Caa-Berá, Caaverá, Caverá, finalmente.
Então Camaco resolveu caçar o cervo encantado. Montando o seu melhor cavalo, armado com vários pares de boleadeiras, saiu a rastrear, dizendo que só voltaria depois de caçar e courear o Cervo Berá.
Depois de muitas luas, num fim de tarde ele avistou a caça tão procurada na aba do cerro. O cervo estava parado, cabeça erguida, desafiador, brilhando contra a luz do sol morrente. Sem medo, Camaco taloneou o cavalo, desprendeu da cintura um par de boleadeiras e fez as pedras zunirem, arrodeando por cima da cabeça. Então, no justo momento em que o Cervo Berá deu um salto para a frente quando o guerreiro atirou as Três Marias, houve um grande estouro no cerro e uma cerração muito forte tapou tudo. Durante três dias e três noites os outros índios campearam Camaco e seu cavalo, mas só acharam uma grande caverna que tina se rasgado na pedra dura do cerro e por onde, quem sabe, Camaco e seu cavalo tinham entrado a galope atrás do Cervo Berá para nunca mais voltar.
"Venho do perau da Serra do Caverá
Das artimanhas da vida tenho causos pra contar
Já cruzei picada escura nas noites de chuvarada
Já vi coisas de outro mundo numa tapera assombrada
Mas nem por isso parceiro, eu deixo de andar no mundo
E o rincão dos Boca seca eu conheço de frente a fundo
Das peripecias da vida peleando ja saltei fora
Cortei baldrama de rancho com os dentes das minhas esporas
Ja desaporriei matungo dando laço a campo fora
Quando o caborteiro roda, dou-lhe um grito e salto fora
Gosto de mulher bonita, de fandango e carreirada
E uma gaita de oito baixos roncando na madrugada.
Pouco me importa se o tempo um dia vai me matar
Eu não nasci pra semente e nem vim aqui pra ficar
Agradeço a natureza por tudo que ela me deu
Meu nome fica na historia pra quem nao me conheceu"
Das artimanhas da vida tenho causos pra contar
Já cruzei picada escura nas noites de chuvarada
Já vi coisas de outro mundo numa tapera assombrada
Mas nem por isso parceiro, eu deixo de andar no mundo
E o rincão dos Boca seca eu conheço de frente a fundo
Das peripecias da vida peleando ja saltei fora
Cortei baldrama de rancho com os dentes das minhas esporas
Ja desaporriei matungo dando laço a campo fora
Quando o caborteiro roda, dou-lhe um grito e salto fora
Gosto de mulher bonita, de fandango e carreirada
E uma gaita de oito baixos roncando na madrugada.
Pouco me importa se o tempo um dia vai me matar
Eu não nasci pra semente e nem vim aqui pra ficar
Agradeço a natureza por tudo que ela me deu
Meu nome fica na historia pra quem nao me conheceu"
[Walter Morais]
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